Ecologia Integral

Ver o mundo com outros olhos, percebendo a interligação existente entre todas as coisas: o ser humano, a sociedade e o planeta. Este é o convite da ecologia integral.

A palavra ecologia tem origem grega, sendo que "oikos" significa casa e "logos", estudo ou reflexão. Ecologia é, então, o estudo e a reflexão sobre a casa. E como explica a diretora e fundadora do Centro de Ecologia Integral, Ana Maria Vidigal Ribeiro, "como são múltiplas as 'casas' que habitamos! Temos a nossa casa como ser humano, o nosso corpo, emoções, pensamentos, espiritualidade, que nos leva a ficar atentos à ecologia pessoal. Temos a casa do outro, dos nossos relacionamentos, da nossa cultura, da sociedade em que vivemos e da grande comunidade de todos os seres humanos que habitam o planeta, daí resultando a atenção pela ecologia social. Finalmente, como espécie, temos uma casa em comum. O planeta terra, com toda a sua diversidade, água, ar, minerais, vegetais, animais, que nos acolhe e sustenta a vida de todos os seres que nele habitam, gerando a ecologia ambiental. E estas três dimensões não se separam. Formam elos de ligação profundos e interdependentes." A ecologia integral junta novamente, na mente humana, dimensões que nunca poderiam ter sido separadas: o ser humano, a sociedade e a natureza, ressalta Ana Maria. Mas por que elas foram separadas? José Luiz Ribeiro de Carvalho, também diretor e fundador do Centro de Ecologia Integral, explica que esta separação é uma longa história, na história da humanidade: "em um determinado momento (principalmente a partir da revolução científica e industrial) o ser humano sentiu a necessidade de dividir, de fragmentar, de separar, de analisar, para melhor entender, prever e controlar a natureza e a realidade na qual estava inserido. O problema é que nós ficamos com uma grande quantidade de conhecimentos e informações desconectados uns dos outros e do todo. Estamos vivendo agora uma grande necessidade de resgatar aquilo que nunca deveria ter sido separado: a visão integrada e não fragmentada do ser humano, da sociedade e da natureza. É preciso conhecer a árvore, mas não podemos perder de vista a floresta. É preciso integrar análise e síntese, as partes e o todo, o local e o global. Quando temos a pretensão de entender, compreender e controlar o mundo a partir do conhecimento fragmentado estamos cometendo um erro fundamental e grave."

Para Ana Maria e José Luiz, a ecologia integral propõe um olhar integrado das dimensões pessoal, social e ambiental. "Quando falamos em ecologia integral fazemos questão de salientar que a ideia da não separatividade, de que tudo está interligado, que é fundamental para o entendimento da nossa proposta, já vem sendo apontada por muitos pensadores em vários campos do conhecimento como a Física, a Filosofia, a Psicologia Transpessoal, a Química, a Biologia, além das grandes tradições espirituais. (Ver texto Pensadores e Ecologia Integral). Tudo faz parte de um todo uno e interdependente, ou seja, tudo tem a ver com tudo", explicam.

Teia de relações
As ações no nível pessoal, social ou ambiental têm reflexos umas nas outras numa infindável e complexa teia de relações inclusivas. O começo pode se dar em qualquer uma
destas dimensões embora a preferência dos fundadores do Centro de
Ecologia Integral tem sido por iniciar o processo de transformação pela ecologia pessoal, priorizando a tomada de consciência do cidadão como constituinte e constituidor de todo o processo que ele está envolvido. "Isto não invalida outras formas de iniciar o processo, como por exemplo as ações no campo social ou ambiental, que poderão também trazer as transformações no nível pessoal", completam.

O trabalho pela ecologia
Segundo José Luiz, muitas pessoas têm uma visão distorcida dos objetivos do movimento ambientalista e ecológico dizendo que prejudicam a geração de emprego e renda e coisas semelhantes. Esta é uma argumentação falsa e enganosa que tenta desvirtuar a ideia da grande maioria dos que trabalham pela ecologia e pelo meio ambiente. O conceito que precisa ser resgatado aqui é o de sociedade sustentável. Ou seja, existe muita diferença entre uma sociedade imediatista, que explora de maneira irresponsável a natureza e que gera emprego e renda de forma exploratória e de curto prazo, e uma sociedade responsável e sustentável, que se preocupa com a vida, não só da geração atual, mas também das gerações futuras. A natureza está aí nos oferecendo a água, os alimentos e os recursos para a sobrevivência digna e justa. Podemos e devemos usufruir desta dádiva de forma consciente para não privar ou ameaçar as futuras gerações. A utilização de fontes renováveis de energia, a exploração sustentável de florestas, a produção de alimentos orgânicos, a reutilização e a reciclagem dos resíduos que produzimos, o cuidado e a preservação da água – fonte da vida, entre outras, são opções que respeitam a vida no planeta. 

Trecho da matéria publicada na Revista Ecologia Integral nº38 - novembro 2009
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